Fitossanidade da Bananeira: desafios, prevenção e avanços tecnológicos
A Abanorte sediou um dos eventos mais relevantes para a bananicultura nacional, reunindo especialistas, pesquisadores, e lideranças do setor para discutir os principais desafios fitossanitários da cultura da banana.
Realizado no auditório da associação e transmitido ao vivo pelo canal da Abanorte no YouTube, o encontro atraiu participantes de todo o Brasil, incluindo produtores rurais, consultores, e representantes da cadeia produtiva.
O seminário abordou temas críticos, como as ameaças fitossanitárias emergentes, os avanços em melhoramento genético e o plano nacional de prevenção à Fusariose Raça 4 Tropical (TR4).
Público diversificado e engajado
O evento contou com participação presencial e virtual de profissionais de todo o Brasil, incluindo órgãos de defesa sanitária estaduais e federais, consultores, fruticultores, pesquisadores, estudantes e empresas da cadeia de insumos. Entre os presentes, destaque para a participação do IMA, representado pelo fiscal agropecuário Mateus Fonseca.
Programação de Destaque
O evento trouxe palestras de alto nível, abordando desde as ameaças emergentes até as soluções mais avançadas:
- Fernando Haddad, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura, falou sobre pragas emergentes e a situação da Raça 4 Tropical (R4T), alertando para os riscos e a necessidade de vigilância constante.
- Dr. Gutemberg Barone de Araujo Nojosa, do MAPA, destacou a análise de risco na importação de produtos agrícolas, essencial para prevenir a entrada de pragas exóticas.
- Ricardo Hilman, da Coordenação-Geral de Proteção de Plantas do MAPA, apresentou o Plano Nacional de Prevenção e Vigilância para o TR4, que mapeia estratégias de contenção caso a praga chegue ao país.
- Dr. Edson Perito Amorim, também da Embrapa, reforçou a importância do melhoramento genético e da diversificação de cultivares como parte de uma estratégia de manejo sustentável e apresentou avanços no melhoramento genético e a diversificação de cultivares resistentes à Fusariose.
- Hilda Loschi, diretora técnica da Abanorte, engenheira agrônoma e produtora rural, apresentou tecnologias integradas para o manejo da Murcha de Fusarium, evidenciando como a pesquisa impacta diretamente a sustentabilidade da bananicultura. Destacou tecnologias desenvolvidas pela Embrapa em parceria com produtores para o manejo integrado da doença.
Pesquisa e Colaboração: pilares da defesa fitossanitária
O MAPA apresentou um plano robusto de contingência para evitar a entrada de pragas de alto impacto econômico no Brasil, destacando a importância de parcerias entre entidades de defesa vegetal e pesquisa. A Embrapa, por sua vez, reafirmou a liderança brasileira em inovação com variedades como a BRS Princesa e a BRS Platina, que já transformaram a produção em áreas anteriormente inviáveis devido à fusariose.
Os debates destacaram a integração de esforços entre a Embrapa, o MAPA, os órgãos estaduais de defesa vegetal e os produtores rurais. A Embrapa compartilhou avanços científicos significativos, incluindo materiais genéticos que têm transformado o cenário da bananicultura.
Após as parcerias com as unidades de pesquisas internacionais, essas variedades também foram confirmadas como resistentes à Raça 4 Tropical da Fusariose.
Além disso, a nova variedade Embrapa 02, que foi amplamente discutida no seminário, também se destaca por sua resistência não só à Fusariose Raça 1, mas também a outras doenças de grande impacto para a bananicultura, como a Sigatoka Negra e a Sigatoka Amarela. Essa resistência adicional coloca a Embrapa 02 como uma alternativa robusta para a produção sustentável de bananas, enfrentando múltiplos desafios fitossanitários.
As tecnologias discutidas no seminário não apenas representam avanços teóricos, mas já estão gerando impactos reais na produtividade e na sustentabilidade da bananicultura. A rede de colaboração entre a Embrapa, MAPA, IMA, empresas de insumos e fruticultores é um exemplo de como o Brasil está na vanguarda global em fitossanidade.
O Lançamento da Embrapa 02
O lançamento da nova variedade Embrapa 02, do tipo prata, com características superiores de tolerância à Fusariose Raça 1 e potencial promissor para enfrentar a Raça 4 Tropical, caso esta venha a ser introduzida no Brasil foi muito aclamado.
Além de se destacar por sua resistência não só à Fusariose Raça 1, à Raça 4 Tropical e também a outras doenças de grande impacto para a bananicultura, como a Sigatoka Negra e a Sigatoka Amarela, essa resistência adicional coloca a Embrapa 02 como uma alternativa robusta para a produção sustentável, enfrentando múltiplos desafios fitossanitários.
A expectativa agora é pelo registro oficial do nome da Embrapa 02, que promete surpreender pela escolha. O evento reforçou a importância da pesquisa e da disseminação de tecnologias entre os fruticultores, garantindo que o setor continue crescendo de forma resiliente frente aos desafios fitossanitários.
Uma variedade que não é tradicionalmente cultivada no norte de Minas, mas que tem aumentado a procura pelos consumidores é a banana-da-terra. A Embrapa lançou o plátano BRS TERRA ANÃ, uma nova variedade de porte mais baixo, elevada produtividade e elevada qualidade de amido para o mercado de banana-da-terra.
“ As variedades resistentes compõem grande parte do manejo da fusariose. Precisamos estar alertas com a utilização de mudas oriundas de viveiristas idôneos, para garantir que os materiais efetivamente cheguem às mãos dos bananicultores com toda a tecnologia que foi empregada até chegar em cada uma das variedades! A Embrapa garante a pureza genética dos materiais, e os viveiros precisam garantir a pureza durante o processo de multiplicação.”, destacou Fernando Haddad, que também enfatizou a importância do uso de mudas certificadas para preservar a pureza genética.
A Embrapa anunciou, ainda, o andamento do desenvolvimento de uma variedade tipo nanica, em parceria com instituições da Colômbia e das Filipinas, com mais de 15 mil híbridos em teste.
A presidente da Abanorte, Nilde Antunes, comentou a importância do evento:
“Buscamos trazer o que há de mais atualizado em pesquisa para sensibilizar a comunidade bananeira sobre os riscos e as soluções existentes. A Abanorte tem um profundo compromisso com a defesa do território e a produção das frutas mais saudáveis do Brasil.” Na oportunidade, agradeceu a toda equipe da Embrapa, na pessoa do atual diretor Chico Laranjeira, bem como o Alberto Vilarinhos que fizeram questão de participar desse importante Seminário, pelo empenho constante na solução dos desafios da bananicultura.
Lucas Colares, presidente da Conaban, destacou a troca de experiências:
“ O evento foi muito produtivo, escutamos o pessoal da Embrapa, do MAPA, colegas bananicultores que tiveram experiencias recentes com relação às melhores práticas de manejo da fusariose fora do país, envolvemos o IMA e todos os agentes da cadeia produtiva. Foram trocas muito importantes para balizar as ações nos três níveis governamentais e também da iniciativa privada.”
Já a diretora técnica da Abanorte, Hilda Loschi, alertou para a urgência da prevenção:
“O cenário é muito preocupante. Estive nas Filipinas em missão técnica com vários produtores brasileiros e não podemos deixar que essa doença chegue aqui no Brasil. E se chegar, ou quando chegar, precisamos estar preparados. Os resultados de pesquisa são promissores, mas ainda assim, como produtores, precisamos estar atentos às medidas culturais de prevenção e manejo.”
O seminário reafirmou a importância da ciência, da tecnologia e da colaboração para proteger a bananicultura nacional. O lançamento da Embrapa 02 e os debates sobre prevenção demonstraram que o setor está unido em prol de uma agricultura mais resiliente e sustentável.