ABANORTE

Fruticultura local busca nova posição no mercado

 

A Associação Central dos Fruticultores do Norte de Minas (Abanorte) e a 2DA estão trabalhando para o fortalecimento e maior divulgação da produção de frutas no Norte de Minas. O objetivo é mostrar ao mercado comprador e ao consumidor final a qualidade diferenciada das frutas da região, que, devido ao clima e à tecnologia aplicada, possuem alto padrão de qualidade, oferta abundante e regular, são produzidas com menos produtos químicos e responsáveis pelo desenvolvimento econômico e social da região.

“Com o projeto, queremos provocar uma mudança de comportamento comercial e institucional, estimular o cooperativismo e fazer mudanças de posicionamento”

Para o fortalecimento da identidade, está em andamento o programa de Reposicionamento da Fruticultura no Norte de Minas, que proporcionará o maior progresso do território, reconhecimento e agregação de valor aos produtos. O fundador e CEO da 2DA, Daniel Guimarães, explica que os produtores de frutas enfrentam dificuldades em agregar valor à produção. Isto acontece pela cadeia de valor das frutas – transporte, insumos e principalmente os intermediários – nunca deixar o produtor ganhar. “O fruticultor, normalmente, tem vocação em produzir e não em vender. O projeto vem para expandir e reposicionar o fruticultor, para mudar a fruticultura. Estamos fazendo um projeto, conduzido diretamente junto com os produtores, onde levamos informações, fazendo capacitações, expandindo a visão para mercado, para produção e território”, diz. Guimarães explica ainda que todo o território produtivo deve agir de forma integrada para o bom desempenho da fruticultura. “A competição se dá por polos e não mais apenas por cidades. O mercado reconhece assim, como é o caso do vinho Chileno, do vinho Argentino. Queremos mostrar a qualidade, as características culturais e históricas do Norte de Minas para agregar valor ao produto. A região tem frutas de extrema qualidade porque o clima inibe as pragas, e é uma fruticultura altamente tecnificada”, destaca. O trabalho será desenvolvido em etapas. A primeira, com duração de 12 meses, conta com ações variadas junto aos fruticultores, que passarão por capacitações, treinamento, workshops e ações que promovam a integração de todo o território. No segundo momento, haverá a implantação das ações e acompanhamento geral.

Fortalecimento da marca – Com a estruturação, o objetivo é fortalecer a marca e fazer com que a identidade Fruticultura no Norte de Minas seja reconhecida em toda a cadeia, inclusive pelos compradores e consumidores finais. A ideia é que os compradores e consumidores busquem pelos produtos da região por saberem dos diferenciais de qualidade, história e cultura do território. Essa mudança também é importante para agregar valor e expandir a produção da região. “Com o projeto, que é dos fruticultores, queremos provocar uma mudança de comportamento comercial e institucional, estimular o cooperativismo e fazer mudanças de posicionamento. Vamos profissionalizar a visão do produtor”. A fruticultora e presidente da Abanorte, Nilde Antunes, explica que a fruticultura é a grande responsável pelo desenvolvimento socioeconômico da região e o fortalecimento da atividade em todo o mercado será importante para melhorar ainda mais as condições do Norte de Minas. “Os fruticultores da nossa região produzem frutas de alta qualidade e em grande quantidade. Sabemos disso, mas é preciso divulgar todo este trabalho diferenciado e essencial para a região junto às cadeias envolvidas na produção e ao mercado consumidor”, afirma.

Irrigação faz a diferença – De acordo com Nilde, o Norte de Minas é um importante polo de produção de frutas, com 35 mil hectares cultivados com frutas tropicais. A implantação dos projetos públicos de irrigação pelo governo federal em parceria com o estadual há décadas foi responsável pela transformação da região, inclusive com avanços significativos nos índices econômicos e sociais. Com o reposicionamento do território, são esperados novos saltos no desenvolvimento, produção e agregação de valor. “Queremos o desenvolvimento maior da região considerando a fruticultura como o principal ativo econômico do sertão. Produzimos frutas com regularidade, o que não é comum na região. Pelo clima e condições de solo, temos oferta de banana durante todo o ano e em grande quantidade e qualidade. É um produto saudável. Nossa região, pelas características, tem baixa pressão de praga, por isso, a aplicação de defensivos é baixa. Temos todos estes atributos, mas não conseguimos comunicar isso ao mercado. Vamos mudar isso com o projeto”, garante. 

Faturamento de atividade chega a R$ 1,35 bi por ano

Considerado o maior polo de produção tecnificada de banana-prata do Brasil, o Norte de Minas também produz grandes volumes de limão, manga e mamão. Em menor escala, também são produzidas uvas, ponkan e laranja. A estimativa de faturamento bruto da fruticultura na região é de R$ 1,35 bilhão por ano. Anualmente, a cadeia produtiva na região desembolsa em custeio e investimentos cerca de R$ 1,16 bilhão. “Todo ano, da região Norte de Minas, saem, em média, 700 caminhões de frutas por semana, produtos que são destinados para os mercados nacional e internacional. Somente de banana são cerca de 500 caminhões com cerca de 12 toneladas cada. A produção de bananas ocupa um espaço de 22,30 mil hectares das variedades prata e caturra”, explica a presidente da Abanorte, Nilde Antunes. Também são produzidas outras frutas como a manga, que ocupa cerca de 7,5 mil hectares, limão, distribuído em 3,3 mil hectares, e mamão hawai e formosa, em 1,2 mil hectares. Nos demais 700 hectares, a produção é diversificada e em menor escala. São cultivadas laranja, ponkan e uva. “Com a importante produção de frutas, em paralelo ao projeto de reposicionamento, também trabalhamos em projetos para suprir a região de infraestrutura, o que é importante para ampliar a área produtiva e gerar condições de expandir nosso mercado atendido”. A região conta com cerca de 2,5 mil fruticultores. A produção é destinada, principalmente, aos mercados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Em relação ao mercado externo, 40% do limão é exportado para a Europa, principalmente, e Estados Unidos. Em torno de 30% do volume de manga também é exportado. A região vem fazendo testes para o embarque de banana verde por navios, uma vez que o transporte aéreo tem alto custo. 

 

Fonte: Diário do Comércio

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